quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Relato de Parto Domiciliar de Thay Paula

RELATO DE PARTO DOMICILIAR DE THAY PAULA - NASCIMENTO DE ENZO GABRIEL




A um ano e cinco meses atrás tive uma gestação ectópica, e passei por uma cesárea pra retirada do bebê e retirei uma trompa, não imaginei que poderia engravidar tão rápido. O próprio médico disse que eu precisaria fazer um tratamento. Mas nem tudo é como pensamos ou imaginamos...Ter um filho não estava nos meus planos, mas estava nos planos de Deus. Três dias de atraso, tempo suficiente pra realizar um exame de sangue, e lá estava "negativo", porém algo dentro de mim gritava mais alto que tinha algo diferente, não era a mesma Thay de sempre. Então numa manhã de sábado fiz o velho teste de farmácia, lá estava as duas linhas rosa, o tão demito POSITIVO.

Senti na pele o que era entrar em pânico, não acreditei no que estava diante dos meus olhos, ligo pra Rodrigo, ligo pra duas amigas da área da saúde (sim, eu precisava ver pra crer) Mineli Pimentel e Maria Carolina gritei por socorro. Mandei a foto pra outra amiga só pra ter certeza, né Ana Carolina? Então tentei manter a calma no fim de semana. Segunda-feira o primeiro ultrassom, a primeira vez que ouvi um coração dentro de mim que não era o meu. Um turbilhão de sentimentos floresceu dentro de mim. Chorei. Sorri. Gritei. Vibrei. Enfim, aceitei.

A gestação vai muito além dos 9 meses, foram 40 semanas de pura dedicação, não pelo enxoval ou coisas do tipo, me dediquei a humanização. Encontrei por acaso um grupo chamado Roda-Gestante, primeiro encontro, me encantei com esse mundo, conheci mulheres poderosas que me jogaram de cabeça (Shayana Busson e Liliane Cardoso). E durante esse longo período conheci mulheres poderosas que formamos uma família "Humãenizadas".




Até ai tudo bem, até que dia 25/12/14 era natal e me senti mal, fui para emergência, diagnosticada com "infecção urinaria", pensei: Ahh coisa normal na gravidez. Então volto para casa, começo de janeiro me sentindo mal todos os dias, dores no pulmão, dificuldade para respirar, não conseguia dormir, febre, dores de cabeça e no dia 11/01/15 voltei mais uma vez para emergência (decidida que seria a última vez que voltaria pra ouvir infecção urinária). Realmente foi a última. Diagnosticada com derrame pleural, fiz uma drenagem (3L de líquido pleural no meu pulmão). E meu filho? Estava tudo normal, tudo em paz, ele estava super saudável.

Foi aí que criei forças pra trazer ele ao mundo da forma mais bonita possível. Muita gente foi contra a minha decisão, não pelo fato de não confiar em mim, e sim pelo fato do que passei. Eu não quis ouvir ninguém. Aquele ditado "mãe sabe das coisas" eu sabia, eu acreditei, eu confiei no meu corpo, junto com a equipe de parto domiciliar planejado Jardim das Comadres, fui longe.


Data provável de parto 05/05 e nada do meu filho, afinal quem escolhe é ele o dia que vai nascer. Domingo dia das mães, foi um dia maravilhoso, cheio de amor, e na madrugada de domingo para segunda, era 2:05 da manhã quando acordei pra fazer mais um simples xixizinho da madrugada (prática frequente no último mês…). Mas algo estava diferente. É engraçado dizer isso porque eu não tinha, até aquele momento, nenhum indício de que o trabalho de parto começaria. Até sentir uma cólica e como eu já vinha tendo as de Braxton-Hicks, também conhecidas como contrações de treinamento, durante toda semana, não estava muito preocupada.

E a tal cólica se estendeu durante toda madrugada. Às 7hs da manhã, o sol estava lindo, o céu tão azul, algo me dizia que aquela segunda seria diferente. Liguei para minha parteira Juliana Oliveira, ela me disse pra descansar, poderia ser um início de um longo dia. Tentei mas não consegui. Ás 9hs avisei minha mãe e irmão que começaram a dar um grau na casa kkk como disse mainha “é um dia de festa”. Ju pediu pra marcar as contrações. Estavam fora de ritmo. Avisei ao Rodrigo “acho que seu filho vem hoje”. Tentei dormir, descansei um pouco. Meio dia, uma contração forte, chamei minha doula Fernanda Fassanaro, precisava dela comigo.


Chegaram (Rodrigo e Fernanda), eu já não estava muito em mim, Nanda marcou as contrações 3 em 10, então a Julianne Brayner chegou.




Pedi para que ela realizasse o toque, afinal eu sentia dores fortes, precisava me preparar para o longo dia, ela me perguntou se era isso mesmo que eu queria. Confirmei. E para nossa surpresa 13:40 (aproximadamente) já estava com 6 cm de dilatação. Eu sentia meu filho cada vez mais forte. Rodrigo a todo o momento me ajudou, me auxiliou, foi meu doulo, não tinha muito espaço para a Nanda, eu precisei dele e ele estava pronto como um pai a espera do seu filho. Dando toda força para a mãe empoderada que tentei ser a todo momento. Me surpreendeu, durante minha decisão ele sempre falava : "te apoio, mas tenho medo". Fiquei feliz em saber que ele estava lá.





Juliana e Cláudia Araújo apareceram, meu coração deu uma relaxada, pronto, equipe completa, estou segura, tudo correndo bem. Em todo momento me lembrei das mães do grupo, cheguei na tal “Partolândia”, sim ela existe, não sei quem estava no quarto, não vi minha linda e querida fotografa Rhuanny Peixoto chegar, estava no mundo que só estava Rodrigo e eu, a espera do nosso filho. Minha mãe Ana Paula Santos foi linda, todo momento vinha me beijar, abraçar e falava “É assim mesmo, você vai conseguir”.





Meus irmãos Alysson Silva e Alex Ivo com olhares doces e com um sorriso no rosto. Meu pai apareceu, colocou a cabeça e sorriu. Já era fim de tarde, a bolsa estourou. Eu gritei de felicidade. E todos comemoraram junto comigo. Senti o circulo de fogo (é verdade ele existe também) uma contração forte. E sinto meu filho voltar. Pensei “ele tá vindo, ele vai vim”. Próxima contração. Eu virei leoa. Virei um bicho. Gritei. Fui selvagem. Eu o senti vindo até mim. Aceitei aquela dor, vindo como se fosse uma onda, mergulhei tão fundo. Que ele nasceu. Foi lindo. Foi único. Foi mágico. Eu pari. Eu já não tinha mais forças. Quando ele veio para o meu colo, a única coisa que eu fiz foi olhar ele de frente e dizer: meu filho, meu amor, eu consegui. No meu ombro, como sempre ao meu lado, o pai chorava e dizia: meu gordinho, meu gordinho. De olhos bem abertos, já nos encarando, sem chorar, ele olhava com doçura o papai e a mamãe. Me senti uma mulher forte, uma verdadeira leoa, mãe pela primeira vez. Minha casa entrou em festa. Eu gritei muito “Eu consegui, obrigada Deus meu filho, ele nasceu”.










Enzo Gabriel nasceu, meu parto foi VBAC, com 40 semanas e 6 dias, 15hs de trabalho de parto, mecônio, com circular de cordão no percoço, barriga e pernas. Bebês sabem nascer, e mulheres sabem parir.



Vídeo do parto da Thay no Youtube: https://youtu.be/NHYeoU-E4nc

Fotos profissionais: Rhuanny Peixoto
Youtube: https://www.youtube.com/user/rhuannyfotografia (veja mais vídeos de partos)


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