quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Relato de Parto Normal Hospitalar de Luana Ribeiro

RELATO DE PARTO HOSPITALAR DE LUANA RIBEIRO - NASCIMENTO DE MATEUS



em Maceió.


16 de agosto de 2014
Meu relato de parto começa bem antes do dia de nascimento do nosso maior tesouro, começa no nascimento de uma mãe. Nasci para a maternidade no dia que descobri que estava grávida, com um teste de farmácia na véspera do nascimento de Jesus Cristo, exatamente no dia 24 de dezembro de 2013. A minha noite de Natal foi diferente, meu esposo de serviço e eu achando que passaria a ceia sozinha e não foi assim, Deus já me presenteava de uma companhia para toda a vida. A partir dali estava conectada a um ser novo que viria para me completar. Logo ao saber da notícia busquei uma obstetra para saber começar o pré-natal. De emergência só consegui uma consulta particular, passei pela primeira consulta e de pronto já informei a médica que estava muito ansiosa por novidades e que quando pensava no parto escolhi que seja normal, a médica não entrou em detalhes sobre o parto e logo desconversou. Continuei meu pré-natal com essa medica sempre vendo outras questões próprias da gestação mas nada sobre o parto. Bem, sobre o parto ela tratou na primeira consulta sobre a “taxa de disponibilidade” (É um valor a mais que pagamos ao obstetra, fora o plano de saúde, para que ele acompanhe o parto-normal ou cesárea), passou o valor e já viu a data que a partir dali meu filho sairia da prematuridade e “poderia” nascer. Essa conversa de data e ela marcando na agenda me deu a impressão de que ela iria me sugestionar uma cesárea agendada.

Conversando com uma amiga que mora em outro estado percebi que a escolha pelo parto normal (PN) não seria tão simples quanto eu imaginava, ela me indicou procurar um grupo de gestantes para me informar mais, e assim encontrei o grupo Roda-Gestante na internet e fui participar do encontro mais próximo. Em abril participei do meu primeiro encontro, nesse dia foi exibido o filme “O Renascimento do Parto”. Foi extremamente emocionante ver aquele filme estando grávida e com meu esposo junto, minha mente abriu e pude perceber que a minha escolha de PN não seria tão facilmente respeitada, além disso fortaleceu a ideia do PN como a melhor forma de nascer. Já tinha percebido que a médica que me acompanhava não iria fazer meu PN, e precisava encontrar outra profissional. Na mesma reunião me indicaram o Dr. Antônio Sérgio, marquei a consulta mas só consegui para junho, dois meses depois. Até lá ainda fui em outra médica que também não passou a confiança de respeitar a minha escolha, já foi colocando os empecilhos de um PN, desencorajando e dificultando.

Ainda não sabia bem o que era o parto normal, a parte fisiológica todo mundo sabe, mas só entendi a profundidade do tema quando comecei a participar da Roda de Gestante e lendo artigos, textos da internet, e tudo mais sobre o assunto. Não que o PN seja algo complicado mas o que aprofunda a questão é a dificuldade que impõem para que nós mulheres possamos fazer nossas escolhas.



Os meses foram passando, a gestação transcorrendo bem, tive a primeira consulta com o Dr. Antônio Sérgio, com seis meses, e senti a confiança que eu precisava para ter meu PN. Fui fortalecendo a minha escolha participando das reuniões do grupo Roda-Gestante, mas sempre sentindo que precisava justificar a quem me perguntasse porque eu pensava na ideia de um PN, isso incomodava. Ter que explicar porque quero um PN, a sensação que tinha de algumas pessoas que me questionavam era “você quer ser diferente”, e não era nada disso, como disse para muitos apenas quero que seja NORMAL. Fica mais fácil de entender?

E finalmente na 39ª semana de gestação tivemos uma consulta com Dr. Antônio para avaliar como estava o bebê, e da semana anterior pra essa o médico nos passou a ótima notícia de que ele estava encaixado, que possivelmente em uma semana ele nasceria. Era o que já estava sendo esperado, já que em uma semana completaria as 40 semanas, estava se confirmando. Na sexta-feira, dia 15/08/14, eu e meu esposo fomos passear. Uma despedida da vida de casal, fomos ao cinema e passeamos no shopping. Tudo acontecendo normalmente, quando voltamos eu fui descansar na rede (onde dormi desde o quinto mês de gestação), e Daniel ficou na sala vendo televisão. Fiquei lendo um livro para relaxar e antes de pegar no sono senti uma leve dor na região abdominal, estranhei mas continuei na tentativa de dormir. Até consegui, mas meia-noite acordei com a mesma dor e com a saída de uma secreção. Nesse momento comecei a pensar se seria o tão esperado trabalho de parto (TP) que começava, acordei meu esposo, mas como a dor demorava para vir ficamos na dúvida e ele achou melhor descansarmos porque se confirmasse ser TP precisávamos estar descansados.

Tentei dormir novamente mas não conseguia mais, começava a sentir a mesma dor com uma frequência um pouco maior, e depois de 1h da manhã comecei a registrar os momentos em que ela vinha. Acordei novamente o Daniel e ficamos juntos monitorando a “dor”. Digo dor porque o que eu sentia eram cólicas totalmente suportável e já bem conhecida pelas mulheres em período mestrual, claro que depois elas se intensificaram. Bom, quando Daniel viu a frequência e que não parava de vir, achou melhor irmos na emergência do hospital descobrirmos se era TP. Tentei ficar mais tempo em casa, porque não sabia o que eu estava sentindo, pensei que pudesse ser uma má digestão pois cheguei a vomitar, mas como não passava e começava a ficar mais intensa e frequente cedi a proposta de ir ao hospital. 

Saímos pro Hospital da Unimed depois das 3 horas da madrugada, na emergência logo fui atendida e a médica obstetra quando observou a “dor” que eu estava sentindo disse logo que eram as contrações do TP. Eu e meu esposo nos olhamos e sorrimos, era o que queríamos, a vinda do nosso pequeno. Depois disso, a médica avaliou os batimentos cardíacos do bebê e de imediato me assustou com a notícia que estava abaixo do ideal, e que isso era um indicativo de cesárea para não comprometer a saúde do bebê. Fiquei nervosa, não queria que nada de mal acontecesse ao meu filho, e claro que aceitaria fazer a cesárea pelo bem dele. A médica pediu para falar com Dr. Antônio e ligamos pra ele que recebeu as notícias da própria médica e nos orientou seguir pro hospital Arthur Ramos porque na Unimed não tinha leito disponível. Em pouco tempo chegamos ao hospital e logo em seguida chegou nosso médico. Com ele já me senti mais segura, ele fez uma avaliação mais completa dos batimentos do bebê e disse que estava mesmo abaixo do normal. A situação não era obrigatória de uma cesárea, precisaríamos avaliar como estava o bebê para manter o PN ou partir pra cesárea, e ele me perguntou se aceitaria estourar a bolsa para avaliar meu liquido aminiótico. Pensei bem e topei pois era a alternativa para manter o PN e também queria saber o quanto antes se estava tudo bem com meu filho.

A bolsa foi rompida e o liquido estava normal, o médico perguntou, já estimulando, se manteríamos o PN e eu afirmei que sim, falou que a minha dilatação estava sendo rápida (estava com 1cm no primeiro hospital e em menos de uma hora dilatou para 3cm), e que agora a tendência acelerar mais. Por volta de 4h da madrugada tivemos todas essas notícias e dali pra frente foi viver o meu TP, sentir as contrações e preparar meu coração para a chegada do Mateus. Ficamos na área de triagem, uma enfermaria para situações ginecológicas e obstetricas do Hospital. Nesse local não havia outra paciente, ficamos só eu, meu esposo, o médico e uma técnica de enfermagem. A maior parte do tempo do TP aconteceu lá, não era o que eu esperava, pois pretendia ter meu TP num ambiente mais inspirador, mas na vida temos os desafios e precisamos superá-los, assim com ambiente não muito acolhedor vivi meu TP ativo, com contrações vindo cada vez mais rápidas e a dilatação acompanhando esse processo. 


Havia planejado um parto hospitalar humanizado com muita sensibilidade, que incluiria música, massagem, banheira, lanches leves mas fomos pegos de surpresa (se é que com 39 semanas se pode falar assim, rs...), e não conseguimos o parto com ambiente acolhedor e tive que passar o TP numa sala fria de enfermaria e o final do TP fomos para sala de cirurgia, que é ainda mais fria. Procurei não travar em ver aquele ambiente tão cirúrgico e busquei viver o momento do parto o mais natural possível, e assim conseguimos. Mateus nasceu às 7h10, sem intervenções obstétricas, de um modo lindo, com o protagonismo meu e do meu esposo, que me doulou o tempo todo, me encorajou e fortaleceu a cada minuto a nossa decisão pelo PN. Nosso médico foi essencial para conseguirmos chegar na realização deste sonho, pois ele respeitou as minhas decisões, foi encorajador, carinhoso, deu espaço quando eu pedia para ficar sozinha (pois é, tive meu momento gata, queria parir sem ninguém por perto), e tive meu bebê de modo normal. Foi um sonho realizado, não esperava vivenciar a dificuldade de ter um PN desde o início da gravidez até o momento do parto, mas ficou a certeza de que é a escolha mais acertada que fizemos, e com muita persistência conseguimos vivenciar a chegada do Mateus plenamente.

Muito bem vindo meu novo ser...  

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