quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Relato de Parto Domiciliar de Diana Lima

RELATO DE PARTO DOMICILAR DE DIANA LIMA - NASCIMENTO DE ALANA



em Maceió.


Vou tentar relatar um MOMENTO ÚNICO na minha vida, confesso que é tão mágico que ainda me sinto com a adrenalina circulando... Não sei se recordarei de tudo ao pormenor, a noção do tempo é muito diferente quando estamos em trabalho de parto!

Há exatamente três semanas e dois dias às 4h50min me acordo com uma vontade de ir ao banheiro. Levanto da cama e ao me deparar com a calcinha um pouco molhada achei que tinha feito um pouquinho de xixi e nem tinha percebido. Voltei a me deitar e senti uma “dorzinha na barriga”, esperei um pouco e novamente, eram as contrações que já insistiam rítmicas de cinco em cinco minutos (por incrível que pareça), até então não eram tão desconfortáveis...

Resolvi acordar o Kaw e contar o que estava sentindo! Liguei pra minha mãe, falei também o que estava sentindo, enquanto o Kaw ia ao quarto acordar a Priscila (minha doula e prima do Kaw) e a Clara (minha cunhada). Mais um pouquinho de líquido descia entre as pernas juntamente com o tampão, o que indicava que meu colo uterino estava amadurecendo, se afinando, para conceber Alana! Peguei o telefone e liguei para minhas enfermeiras obstetras, minhas parteiras, avisando o que estava sentindo, (detalhe que exatamente nesse dia eu iria fazer meus últimos exames: hemograma, glicose, sumário de urina, ultrassom... Alana não quis esperar!

Fiquei aflita por não estar com esses exames e comecei a chorar quando cogitei que tivesse que ir para o hospital. Vale salientar também que um dia antes eu estava começando a fazer meu planejamento de parto o qual ainda não tinha ficado pronto) a Ju então me respondeu: “Di, não acredito que você já entrou em trabalho de parto, quando as contrações ficarem mais intensas me ligue!”.
Fui me preparar para descer para casa da minha mãe (meu parto seria lá), me arrumando, procurando uma coisa e outra e as contrações aumentando cada vez mais, eu não conseguia ficar parada. Minha cunhada desceu pra casa da minha mãe, adiantar muito do que seria necessário. As contrações iam ficando mais intensas e demoradas, pedi pro Kaw ligar para meu pai vir me buscar, apesar de perto eu não ia aguentar descer a pé, estava inquieta!

Cheguei à casa dos meus pais e fui direto tomar uma ducha com água quente pra tentar amenizar um pouco a dor das contrações que aumentavam. O Kaw ao mesmo tempo em que me dava atenção, mantinha o contato com a Juliana que estava a caminho. Fui me deitar, as contrações aumentavam cada vez mais, a Priscila (minha doula) juntamente com o Kaw e minha cunhada acompanhavam cada contração dolorosa ao meu lado, a Priscila insistia para que eu mudasse de posição, mas eu não queria... Aquela era a posição que eu queria estar, a posição de litotomia que é a posição menos recomendada para o parto, porém é a mais comum. (Interessante que um dia antes havia comentado com a Priscila que achava uma posição extremante desconfortável, mas naquele momento era a que a que me deixava mais confortável).

Escutava as músicas que eu havia escolhido para aquele momento, as respirações ficavam mais intensas, apertava firme a mão do Kaw... Alana estava próxima, eu a sentia cada momento mais perto e nos meus braços... A Priscila fazia massagem, a Clara auxiliava... Eu preparava cada vez mais meu psicológico e meu corpo para aquele momento, pedia a Deus e Nossa Senhora pra que me desse forças, chamava Alana para mais perto de mim, em nenhum momento deixei de acreditar e confiar que tudo daria certo, nosso tão desejado e clamado parto domiciliar seria vitorioso, fortalecer o pensamento já era o início desse parir, a equipe não tardava em ajudar, nesse aspecto não dá para deixar de comentar quanto é importante ter ao lado da parturiente pessoas especiais nesse momento, que tenham calma, que saibam doar.

E então vem uma dolorosa contração e junto dela a necessidade de fazer força e notei quando o Kaw perguntou: "- Clara, lavou as mãos?" Os olhares dos três dizia algo! Então, mais uma contração veio, o posicionamento da Priscila, do Kaw e da Clara mudava no quarto, Priscila ao meu lado me dando forças, Clara de frente pra mim e o Kaw registrando o momento. ERA A HORA! Os gritos eram primitivos, vinham de dentro, no instinto, estava para parir, NATURALMENTE, um processo fisiológico... Sem drogas alopáticas, ou anestésicas... Alana coroou! Depois de sair sua cabecinha o corpo veio rapidamente, pura ocitocina! E nossa cria nasceu, as 8h18 do dia 20 de outubro, em menos de dois minutos entre uma contração e outra... Não dá pra descrever esse momento... MÁGICO, ABENÇOADO, DIVINO! A energia positiva circulava naquele lugar, era celestial... A emoção tomou conta, todos choravam!

Em seguida, ainda com o cordão umbilical pulsando Clara colocou-a em meu seio, depois de 20 minutos minhas enfermeiras chegaram, fizeram os primeiros cuidados comigo e com Alana, marcaram o local de corte do cordão, o papai cortou então o laço que nos uniu durante as 37 semanas e 3 dias! Eu e Alana continuamos juntas fisicamente, corpo a corpo, olhos abertos, descobrindo o prazer de viver! A vovó assim que nasceu correu até o quarto e agradeceu a Deus e Nossa Senhora pelo dom da vida! Minha placenta, aquela que protegeu minha filha, consegui expulsa-la assim que as parteiras chegaram. Alana nasceu quando se sentiu pronta, com 2,610kg e 48 cm e rodeada de MUITO AMOR!

Parir, partejar, dividir, e ficar na cama, com sua família, no lar dos seus pais, onde me sinto protegida, amparada e amada, nem dá para comparar com ter um filho num ambiente hospitalar... Inóspito, frio, impessoal. Faria tudo novamente! Confio em Deus, na natureza, no meu corpo, em mim! Eu já era apaixonada pelo PARTO HUMANIZADO!  Hoje, posso dizer que sou MAIS AINDA, porque parir não é um ato de coragem, é um ato de PODER!

Os meus sinceros e emocionados agradecimentos:
1. A Deus e Nossa Senhora, pelo dom da vida, da maternidade... Por planejar tudo da melhor forma... Sem palavras para te agradecer meu Pai!

2. A minha prima Danielle Freitas, por me incentivar mais ainda sobre a minha escolha e me indicar a Juliana para esse momento único na minha vida. Além de estar sempre me informando! 

3. Aos meus pais, por respeitarem e apoiarem minha decisão, por me acolherem em sua casa sempre. Lembro-me do meu pai comentando: “Qual problema de ter filho em casa, minha mãe teve 17 em casa...” (que orgulho herdar o poder de parir). Minha mãe por cada momento ao meu lado, se preocupando em cada detalhe, indo a cada pré-natal comigo, me acalmando em todas as situações e partilhando sempre o AMOR único e inigualável de mãe.

4. Ao meu companheiro, Kaw Lima por apoiar e aceitar a ideia de ter nossa filha em casa, por sempre ser ele mesmo, mesmo nas horas dolorosas das contrações... Não deixou de ser o Kaw espontâneo de sempre... Tirando “selfies” e rindo pra mim a todo o momento (eu olhava pra ele sentindo dor e virava a cara), confesso que a sua devoção no parto com tanto cuidado e zelo foram primordiais para que eu também me mantesse confiante!

5. A minha cunhada Ana Clara e a Priscila por se empoderar junto comigo e em nenhum momento me deixarem desconfiada, por “arregaçarem as mangas” e acreditarem que tudo daria certo. Alana nasceu com vocês!

6. As minhas parteiras, enfermeiras obstetras... Pelos cuidados, antes e depois do meu parto. Muito sucesso a vocês. Que Deus continue a iluminar esse trabalho lindo que poucos têm a coragem de encarar! A Juliana por acreditar e confiar em mim desde a primeira visita... Meu obrigada de coração! A Julianne, que apesar de ter conhecido no dia, sua paciência e presença repassam paz!

7. A minha sogra por me incentivar e acreditar em mim... 

8. A minha cunhada Ester, que iria fotografar o parto, e só fotografou o pós-parto, pois não deu tempo... Alana foi mais rápida!

9. A minha tia Dete, que estava torcendo por mim mesmo longe, mas que sei que o coração estava presente no momento!

Enfim, nosso tão desejado e clamado parto domiciliar foi vitorioso, minha filha nasceu em casa por OPÇÃO MINHA, já que minha gravidez era de baixo risco. Minha gravidez foi toda ativa, trabalhei com exercícios físicos durante toda minha gestação, me cuidava, mas nunca deixei de fazer certa coisa "porque estava grávida", lógico que respeitava meus limites, gravidez não é doença gente, pelo contrário!Eu queria me sentir (e me senti) dona do meu parto, pois acredito que meu corpo foi "desenhado" para gerar e parir um bebê com qualidade e desenvoltura, posso dizer que tive uma experiência de parto completa!Me empoderei de muitas informações sobre o parto natural e humanizado, a dor do parto jamais me amedrontou. Acreditei que, se respeitada à fisiologia, teria o parto que precisava ter, rápido ou longo...

Enfim, meu coração pedia às forças a Deus todos os dias, deixei nas Mãos dele e acreditei que Alana seria recebida com amor e respeito, sem intervenções e medicalização. Deixo claro que não sou contra a tecnologia, mas acredito que ela tem o seu lugar nos casos considerados excepcionais.Cada um tem direito a escolha, eu RECUSEI SER PACIENTE QUE SE SUBMETE A REGRAS DETERMINADAS, escolhi a AUTONOMIA, ser a dona do meu parto!

FOTO PÓS-PARTO:Em pé, da esquerda para direita: Clara Lima (cunhada), Priscila Alves (prima e doula).Sentados, da esquerda para direita: Kaw Lima, Diana Oliveira de Lima, Alana,Julianne Brayner e Juliana Oliveira.

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