quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Relato de Parto Humanizado Hospitalar de Isolda Herculano

RELATO DE PARTO HOSPITALAR DE ISOLDA HERCULANO - NASCIMENTO DE BENTO E TOMÉ


em Maceió.


Parir de novo (e de quatro!)

Eu já tinha uma experiência de parto para chamar de perfeita. Em 2012, meu primeiro filho, Bento, nasceu num parto natural hospitalar em que tive todos os anseios de gestante respeitados. Quando engravidei novamente foi instintivo colocar esse segundo momento em cheque: seria possível reviver algo tão bom e emocionante? Mal sabia eu que poderia e iria me deparar com uma experiência ainda mais marcante. 

Foi mais ou menos rápido: comecei a monitorar as contrações por vota das 10 da noite e às 2h30 da madrugada já estava com meu menino nos braços, chorando como um bezerro desmamado. Tomé nasceu num domingo, 28 de junho de 2015, medindo 51 cm e pesando 3.390 g, na maternidade do Hospital Unimed em Maceió. Antes, foi tudo acontecendo em ritmo de turbilhão. Não sei se deu tempo despedir da barriga, fazer uma oração completa. Era emoção por cima de emoção e foquei o máximo da energia em manter a calma e o ritmo da respiração. É claro que, vez por outra, perdi a calmaria e o compasso, mas não a paz de espírito. Cada contração a mais era uma contração a menos. Cada centímetro dilatado, a contagem regressiva para conhecer meu filho, finalmente! Para me transformar numa nova mãe. Para que eu tivesse a chance de uma maternidade melhor. 

Meu obstetra, meu anjo, meu protetor de outras encarnações, Dr. Antonio Sergio, estava ali outra vez e ia revier comigo e com Julio a emoção de trazer outro filho ao mundo, outro pedaço de nossa eternidade na Terra. Pareceu, sim, um filme bom reprisado, contudo, era uma nova história por nascer. E nasceu! Sem jejum, tricotomia, episiotomia, laceração ou pontos, sem lavagem... Nasceu natural, como nascem os sentimentos. 

Tive autonomia e apoio para parir como quis, como me senti melhor naquele instante veloz de decisão. Não foi algo planejado, sequer pensado, foi como aconteceu: pari de quatro! Muitos estranham quando conto e eu faço questão de repetir, como se repetir fosse tornar possível para quem duvida: pari de quatro! Com a sensação de ser mulher livre num mundo de tanto aprisionamento, dona de si, apta para receber o filho parido nas mãos no segundo seguinte, naqueles últimos instantes de ser um só, unidos pelo cordão umbilical.

O desenho mental que refaço da cena ainda me emociona e vai emocionar para sempre. Talvez tenha sido minha última experiência com a gravidez - não é uma sentença, é intuição - e diante de Deus, e dessa quase certeza, o que me resta agora é agradecer, sobretudo, pelo dom de viver e de gerar a vida.

Isolda Herculano, mãe do Bento e do Tomé.

Maceió, 2 de agosto de 2015. 

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