quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Relato de Parto Domiciliar de Liliane Pinheiro

RELATO DE PARTO DOMICILIAR DE LILIANE PINHEIRO - NASCIMENTO DE TANNAT E... 9 HORAS DEPOIS... O NASCIMENTO DA PLACENTA



Era 09.07.2014, acordei às 06h30min para ir trabalhar e me sentia muito bem. Ao contrário do último dia 07.07.2014 que havia me sentido muito enjoada após o almoço e passei o resto do dia com dores na barriga. Seriam os pródomos? Sim eram. Minha barriga ficava contraída e ao mesmo tempo doendo por 2 minutos, 3 minutos e às vezes 5 minutos e num intervalo longo de uma contração para outra (confirmei após uma descrição dos sintomas para minha Enfermeira e parteira Juliana Oliveira por telefone a caminho do supermercado). Mas lá no meu íntimo eu já sabia que era e comecei a tomar algumas providências: organizei as coisas no trabalho e separei tudo que era meu para levar para casa; após meu esposo me pegar fomos ao supermercado fazer compras e depois jantamos para comemorar mais um mês de casamento.

No dia seguinte acordei indisposta e não fui trabalhar. Mais ou menos às 9h30min minha colega de trabalho me liga perguntando se Tannat havia nascido, sorri e respondi que não. Apesar de estar indisposta não consegui ficar de repouso com tantas coisinhas que ainda queria organizar para chegada da nossa princesa. Era dia de jogo do Brasil e logo mais meus pais e os pais do meu esposo chegariam para assistir o jogo conosco. Passei a manhã inteira pra lá e pra cá e às 14h, hora do jogo, fui tomar banho para sentar e assistir o jogo que antes do termino do meu banho apresentou resultado positivo para nosso adversário, a Alemanha, e quando cheguei à sala já havíamos tomado 02 gols.  Continuei assistindo o jogo impaciente até que chamei minha mãe e minha sogra para arrumar o quarto da Tannat, pois minha intuição dizia que ela nasceria entre os dias 09 e 12.07.2014. E assim terminou o dia, com o Brasil perdendo para Alemanha e o quarto da Tannat pronto para sua chegada.

O dia estava ensolarado e meu esposo foi me levar no trabalho, às 12h me pegaria para irmos a mais uma consulta com o Dr. Antônio Sergio.  E assim ele fez, mas ao chegarmos ao consultório percebemos que daria tempo de ir almoçar. Então marcamos “nossa vez” e fomos almoçar na casa dos meus sogros. Havia passado a manhã inteira indo ao banheiro de instante em instante e quanto mais o dia passava as idas ao banheiro tinham um intervalo menor. Almoçamos e fomos para consulta. Sentada na sala de espera me sentia diferente, com os mesmos sintomas da segunda-feira, mas não dei importância. Na sala de espera aconchegada ao meu esposo que lia uma revista e meu pensamento era no que havia pensado comigo mesma nos últimos dias: “Acho que estarei em trabalho de parto na consulta do dia 09.07”. Mas, estava ali na consulta do dia 09.07 e não estava em trabalho de parto ou pelo menos achava que não, rsrsrsrsrsrs... Chegou a nossa vez de entrar na sala de consulta. Entramos e fomos recebidos com todo carinho de sempre e após sentar na cadeira em frente ao Dr. Antônio Sergio e ainda respondendo a pergunta que o mesmo havia feito mais ou menos uns 2 minutos após entrar no consultório, levantei depressa com a cara assustada dizendo: Fiz xixi. Minha bolsa rompeu. Meu esposo me olhou assustado achando que a cadeira havia quebrado e Dr. Antônio Sergio sorriu dizendo: “Não, você fez xixi. Vá ao banheiro ver.” Levantei e fui, mas sabia que a bolsa havia rompido porque ele descreveu para mim, em outra consulta, com uma perfeição de detalhes como me sentiria quando a bolsa rompesse e estava sentido exatamente como o mesmo havia descrito. Ao checar meu absorvente tive mais certeza ainda, pois aquele líquido não era xixi. Descrevi para o Dr. AS e ele pediu para eu vestir a bata para me examinar. Assim fiz. Ao me examinar ele confirmou e constatou 02 cm de dilatação. Pensei comigo: “É estou em TP na consulta do dia 09.07.” Rsrsrsrs. Meu coração estava repleto de felicidade e calmo. Meu esposo sorrindo muito e nos seus olhos via o quanto estava surpreso, nervoso e os mesmos olhos diziam chegou a hora e agora? O Dr. AS transbordava alegria no olhar. Sentada na mesma cadeira e com meu esposo ao lado e o Dr. AS na minha frente liguei para Juliana. Jú estou no consultório do Dr. AS e minha bolsa rompeu aqui na frente dele. E ele olhando pra mim disse: “Ela vai dizer que lindo.” E a Jú no outro lado da linha disse: “Que lindo Lili, vou preparar tudo e chego já na sua casa.” E com o mesmo olhar de alegria o Dr. AS nos disse suas ultimas palavras/orientações. Para mim, olhando nos meus olhos com muito carinho e com as mãos em meu rosto: “Força. Grite, não queira parecer forte e quando você pensar que não agüenta mais você ainda terá 50% de força e já estará muito perto.” Para meu esposo: “Tenha muita paciência será um trabalho de parto e a criança só nascerá amanhã e quando você achar que está perdendo a paciência saia do ambiente vá dá uma volta ou comer algo e deixe que as meninas cuidem dela, pois são muito competentes.” E para nós dois: “Bom parto e fiquem tranqüilos vai dar tudo certo e estou aqui à disposição a Jú tem meu telefone e vai demorar. Vocês terão muito tempo... Vão com calma e sem pressa.” E nos abraçamos os três... Ao sair falei com a Beth (recepcionista dele): “Beth, você me perguntou se ela não queria sair? Minha bolsa acabou de estourar, estou indo para casa esperar a hora dela.” Ela e as duas gestantes que estavam esperando atendimento ficaram assustadas e impressionadas com minha calma e naturalidade.

Ao sair do consultório fomos resolver algumas coisas que estavam programadas para aquela tarde. Enquanto meu esposo dirigia, ainda sem acreditar que havia chegado à hora, comecei as ligações: Liguei para mainha e combinei de passar para pegá-la; para a minha irmã; para casa dos pais do meu esposo e meu sogro atendeu. Relatei o acontecido e pedi para avisar a minha sogra (O que não aconteceu, pois ela só ficou sabendo por volta das 19h...rsrsrsrsrs); para Camila; Laura e a Fotógrafa. Durante o trajeto olhava para meu esposo e o percebia inquieto. Aí perguntei: “Amor, você está preocupado? O que você está pensando?” Ele: “Um pouco preocupado. Também não tem como não ficar. Amor você sabe que agora não tem saída?” Eu: “Sei amor e não se preocupe estou bem e muito tranqüila, vai dar tudo certo.” Pegamos a minha Mãe, passamos em mais dois lugares e seguimos para casa. Neste momento a Jú já havia me ligado umas duas vezes dizendo que já estava chegando e eu pedindo para ela não se ficar preocupada porque estava tudo bem e ainda estava indo para casa. A essa altura eu havia começado a sentir cólicas que iam se intensificando.

Chegamos em casa por volta das 16:30 e fomos preparar os últimos detalhes do quarto da Tannat. Após a arrumação, pedi a minha Mãe para tirar umas fotos nossa. Estávamos muito felizes e eu muito, mais muito calma. Impressionante como a calma havia tomado conta de mim e mesmo com o incômodo das primeiras contrações eu não aparentava estar em TP. E quando me perguntavam como estava, eu sorria e dizia estou bem. Eu não sabia o que viria pela frente, mas também não estava preocupada e nem ansiosa. Simplesmente estava vivendo minuto por minuto e segundo por segundo do nosso TP e me entregando as contrações. Minha amiga Katrinna ligou, havia pedido para Camila avisar que queria falar com ela, comecei a conversa descrevendo desde o início do TP e terminei deixando-a tranqüila quando expliquei sobre o plano de parto e assim nos despedimos com ela me desejando boa hora. Fui tomar um banho quente para relaxar e trocar a roupa molhada por uma mais confortável. Enquanto isso, Pablo tinha ido ao supermercado comprar as coisas da lista que eu havia feito para o dia do nosso PD. Há essa altura minha mãe estava organizando tudo que via pela frente, como sempre, no mais perfeito silêncio transparecendo calma e segurança em mim. Quando ainda estava no banho minha parteira linda, minha doula chameguenta e a EO Luciana (com quem havia tido apenas um contato) chegaram. Foram me ver no banho. Encheram-me de carinho e minha parteira foi logo dizendo: “Lilizita já já lhe examino.” E eu: “não se preocupe estou tranqüila.” Aproveitei para cortar as unhas enquanto a água quente batia em minhas costas me relaxando. Não poderia receber nossa pequena com unhas grandes arriscando machucá-la. E assim, se deu mais uma mudança, dentre tantas que haviam ocorrido durante a gestação e tantas que estavam por vir. Pequenas mudanças que somadas umas as outras estavam mudando minha vida para sempre e eu ainda não havia percebido a proporção e intensidade dessa mudança. Saí do banho, coloquei um vestido leve, peguei a lixa para dar o acabamento às unhas que havia cortado. Minha amiga Camila chegou trazendo todo seu carinho e logo minha parteira veio até mim para verificar os batimentos da pequena e aferir minha pressão. Conferido e tudo normal. Voltei a lixar as unhas e Camila me ajudou a terminar e esmaltar com base. Rsrsrsrs...Já passava das 18h. Fui caminhar pela casa e todas se movimentavam organizando tudo com carinho para o conforto do nosso TP. Lenços pendurados na área a minha disposição, piscina sendo montada, esposo que ainda não havia voltado do supermercado e eu caminhando, subindo e descendo a escada e parando para sentir, receber e me entregar às contrações que a cada hora se intensificavam e “testando” os primeiros agachamentos.  Comi alguns biscoitos. Logo em seguida meu esposo chegou perguntando como me sentia, depois me beijou e pediu para que eu colocasse o biquíni azul que havia usado no ultimo domingo e que segundo ele havia ficado linda. Não hesitei e atendi ao seu pedido, afinal queria estar linda para ele. Após trocar a roupa resolvi ficar no quarto, pois as contrações estavam se intensificando e queria começar a “testar” as posições para recebê-las. Continuei com os agachamentos na varanda e depois fui para cama ficar de quatro apoios e abraçada com a almofada triângulo que havia me ajudado a dormir nas últimas noites. E funcionou. Fiquei na cama recebendo as contrações nesta posição. 


Já se aproximava das 19h e Laura chegou se desculpando porque havia demorado. Acreditem! E eu: Obrigada mesmo por ter vindo! Laura é uma estudante de Enfermagem apaixonada pela obstetrícia que sempre conversou muito comigo sobre parto natural e foi quem me falou que “sobre partos com parteira”, que eu achava que não existia mais, em uma dessas conversas. Minha mente estava tranqüila e sem preocupação alguma. É como se todas as obrigações e “problemas” do dia-dia tivessem sido apagados. Minha mente estava em branco. Era isso... Em branco. E eu Feliz, tranqüila... Sentindo, sentindo e sentindo nosso TP. A cada minuto minha entrega também se intensificava, assim como as contrações. Eu olhava ao meu redor e agradecia por todos que estavam presentes e por ter chegado à hora. As 19:30 fui para o chuveiro tentar relaxar um pouco e tive a ajuda e o apoio maravilhoso da minha Doula Fernanda. Experimentei a banqueta, mas sinceramente não gostei. Meu esposo estava organizando as ultimas coisinhas para deixar o ambiente confortável. Organizava uma coisa aqui, outra ali, passava e perguntava como eu estava, providenciou a música ambiente e com todo amor escolheu os discos que tocariam. A Ju sempre verificando os BCF’s e o resultado sempre muito satisfatório. Voltei para cama novamente e fiquei lá até as 20:30 aproximadamente, quando a piscina ficou pronta e a Ju me convidou a entrar e provar. Amei, sem sombra de dúvidas ficar imersa na água quente era, para mim, o melhor lugar para receber as contrações. Meu esposo desocupou e veio me fazer companhia e neste momento tudo ficou ainda melhor e mais confortável. Relaxei muito, mas sempre atenta a intensidade das contrações porque não queria relaxar demais e correr o risco do TP estagnar. 


Já se aproximava das 19h e Laura chegou se desculpando porque havia demorado. Acreditem! E eu: Obrigada mesmo por ter vindo! Laura é uma estudante de Enfermagem apaixonada pela obstetrícia que sempre conversou muito comigo sobre parto natural e foi quem me falou que “sobre partos com parteira”, que eu achava que não existia mais, em uma dessas conversas. Minha mente estava tranqüila e sem preocupação alguma. É como se todas as obrigações e “problemas” do dia-dia tivessem sido apagados. Minha mente estava em branco. Era isso... Em branco. E eu Feliz, tranqüila... Sentindo, sentindo e sentindo nosso TP. A cada minuto minha entrega também se intensificava, assim como as contrações. Eu olhava ao meu redor e agradecia por todos que estavam presentes e por ter chegado à hora. As 19:30 fui para o chuveiro tentar relaxar um pouco e tive a ajuda e o apoio maravilhoso da minha Doula Fernanda. Experimentei a banqueta, mas sinceramente não gostei. Meu esposo estava organizando as ultimas coisinhas para deixar o ambiente confortável. Organizava uma coisa aqui, outra ali, passava e perguntava como eu estava, providenciou a música ambiente e com todo amor escolheu os discos que tocariam. A Ju sempre verificando os BCF’s e o resultado sempre muito satisfatório. Voltei para cama novamente e fiquei lá até as 20:30 aproximadamente, quando a piscina ficou pronta e a Ju me convidou a entrar e provar. Amei, sem sombra de dúvidas ficar imersa na água quente era, para mim, o melhor lugar para receber as contrações. Meu esposo desocupou e veio me fazer companhia e neste momento tudo ficou ainda melhor e mais confortável. Relaxei muito, mas sempre atenta a intensidade das contrações porque não queria relaxar demais e correr o risco do TP estagnar. 




Após a dança fui ao banheiro fazer xixi e percebi que meu tampão havia saído. As contrações estavam cada vez mais fortes e menos espaçadas. A Ju verificou minha dilatação pela linha púrpura e ficou feliz com o resultado. Nosso TP estava indo muito bem. Tão bem que até para sentar para fazer xixi estava desconfortável, pois as contrações não davam folga. Minha sensação era de total segurança. Sentia segurança no apoio da minha família, das minhas amigas e principalmente na equipe Jardim das Comadres. Minha maior alegria era também por estar em casa e no meu quarto. Estar no nosso lar e rodeados de pessoas que nos amam e que estavam mandando energia positiva e parindo com a gente, era tudo o que nós precisávamos.  Eu, instintivamente, nunca quis parir no hospital. Na verdade tenho horror a isso. Horror simplesmente porque moro num Estado que tem um dos piores sistemas obstétricos do país... Foi um alívio para mim quando encontrei a Ju, que me convidou a entrar na Roda...

Perguntei a hora e responderam: São 23h. Resolvi entrar na piscina novamente porque quando avisei ao meu sogro que estava em TP ele falou que eu iria parir umas 23h e como já estava com a dilatação completa achei que havia chegado a hora. Pois é, meu TP realmente estava maravilhoso. As 23h já estava com 10 cm de dilatação. Pois é, exatamente após 8h de TP havia dilatado os 08 cm que faltavam às 14:45 quando a bolsa rompeu e estava com 02 cm. Doía muito, mas era uma dor sem sofrimento. E quando a contração vinha, me jogava, como se estivesse me jogando na onda do mar. Não tinha do que reclamar. Já havia comido alguma coisa, bebido água, suco e saboreado mel. Vomitei tudo. Estava enjoada e todos preocupados comigo. Eu a todo o momento dizendo: “Não se preocupem eu estou bem, mas não me façam comer mais nada, por favor.” O enjôo estava atrapalhando minha concentração e finalmente consegui deixar a Ju segura de que não precisava comer. Acho que meus cochilos entre uma contração e outra transpareceram que estava fraca. Mas não. Não estava. Não mesmo!!! Estava em outra “órbita”. Como descrevi anteriormente: Minha mente estava em branco e super conectada com o meu corpo.




Poucos minutos depois que entrei na piscina começou umas contrações com puxos. Era uma dor que me fazia fazer força. Aproveitei cada contração, pois sabia que ela faria nossa bebê chegar mais rápido. E doía, doía muito. Fiquei de joelhos abraçada a Nanda na borda da piscina e depois a Laura e meu esposo dentro da piscina fazendo massagem na minha lombar. E nem sentia quando a troca ocorria. Só sentia uma ajuda enorme com os abraços que recebia. E doía cada vez mais. A Jú e meu esposo sugeriram sair mais um pouco da piscina. Todos estavam monitorando para eu não relaxar demais. Saí e fui para cama e mesmo com a ajuda da Nanda não consegui ficar. Doía muito. Fui para banqueta, mas só por alguns segundos, a dor aumentava cada vez mais e a banqueta não era meu lugar preferido para recebê-la. Fiz agachamentos com a ajuda do meu esposo e com o encaixe mais que perfeito da Nanda, o que ajudou um pouco mais. Quis voltar para piscina imediatamente porque estava muito mais doloroso e difícil para receber a contração fora da água quentinha. 



Após receber mais algumas contrações dentro da piscina e dormir nos intervalos a Ju sugeriu o uso da banqueta dentro da piscina e definitivamente eu não conseguia usá-la. Já passava de 01h da madrugada e eu já havia pedido para baixar o som e depois para desligar e agora estava incomodada com o som das conversas de quem esperava na sala. Comentei com meu esposo que estava atrás de mim, me apoiando, dentro da piscina. Ele prontamente pediu para alguém ir na sala conter o “barulho”. Continuei concentrada nas contrações e de repente ele me pergunta: Mô quer que eu peça para as meninas saírem um pouco aqui do quarto? Respondi que sim. E assim ficamos a sós.

Luz na penumbra, som desligado, nenhum barulho de conversas na sala e meu amor encaixado em mim. Ele com sua sensibilidade conseguiu captar minha necessidade naquele momento. As contrações vinham e eu me jogava vocalizando muito, mais muito mesmo. Muito mais do que havia vocalizado até aquele momento. Eram contrações muito dolorosas e me fazendo fazer força. Tannat estava descendo cada vez mais. Eu gritava muito. E ele: “Amor!!!”” E eu: “Cala a boca Pablo.” Não era mais amor. Rsrsrs. Ele tentou falar comigo algumas vezes e eu o mandei calar a boca todas elas. Ele me beijou no braço e eu mandei ele parar. E eu gritava, gritava muito. E permanecemos sozinhos por aproximadamente 1h. A Nanda entrou no quarto para colocar água quente na piscina e a Ju para verificar os BCF’s. A Jú constatou que estava chegando a hora e resolveu ficar no quarto. Começou a conversar com alguém e eu: Cala a boca minha gente. A partir daquele momento todas se calaram menos meu esposo que queria me perguntar se eu queria que ele ficasse na minha frente para receber Tannat como gostaríamos, mas nem dei chances de ele falar. Mesmo assim não teria deixado porque seria impossível ficar sem seu apoio nas minhas costas porque doía muito e ele estava, inconscientemente, me ajudado a receber as contrações. A Jú percebeu que iria nascer, chamou a Rhu - Fotográfa e avisou a todos que aguardavam. Continuei concentrada e todos em silêncio, muito silêncio. A Jú informou que já dava para ver os cabelinhos dela e meu esposo pediu para ver. Minha irmã lhe mostrou através do espelho. A Jú perguntou se eu queria ver e eu disse que não. Estava com medo de desconcentrar. Depois ela me disse Lili toque nos cabelinhos dela. Toquei rapidamente. Não queria desconcentrar. Estava sentindo ela no meu canal vaginal indo e voltando e queria aproveitar a próxima contração. E veio. E a Ju com sua voz doce e suave: Lili segura mais um pouco ela está vindo, ela está vindo. E eu respirava fundo e vocalizando muito e dava o meu melhor. E depois de algumas idas e vindas a cabeça começou a sair. E veio a outra contração e a cabeça terminou de sair, depois os ombros e depois o corpinho. A Ju a amparou e me entregou.



Eu olhei para aqueles olhos escuros. Era um olhar profundo e muito calmo e seguro. Naquele momento me coloquei a disposição dela para sempre. E ela depois de olhar para nós levantou a cabeça e olhou para o lado onde todos estavam a lhe esperar. Foi incrível! Meu esposo atrás de mim falou: Amor me dá um beijo. E naquele instante um sentimento de muito amor tomou conta de mim e o beijei muito.

Mais amor tomou conta de mim e comecei a me declarar para minha mãe, a agradecer, abraçar e beijar todos ao nosso redor. Percebi que esse amor também tomou conta do meu esposo, pois ele começou a fazer o mesmo e todos se confraternizavam e agradeciam.

Tannat nasceu com 47 cm e 3.585 kg às 03h26min no dia 10.07.2014 sem nenhuma intervenção e eu estava com 39 semanas e 03 dias de gestação. O cordão umbilical parou de pulsar 45 minutos depois e foi cortado pelo seu papai. Minha placenta nasceu 9 horas após o parto.

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço por ter um corpo capaz de gerar, parir e nutrir e por isso vivenciar essa experiência DIVINA. E agradeço a todos que contribuíram com o nosso PD, em especial a Equipe Jardim das Comadres;

Ao meu grande e eterno AMOR, que foi e é o maior incentivador para que eu trilhasse esse caminho de descobertas, de empoderamento e de renascimento. A ele que acredita que o fisiológico feminino é perfeitamente capaz de parir não tenho palavras para agradecer, pois seu apoio e conforto foram fundamentais para que eu parisse;

A minha Mãe querida, minha fortaleza, fonte de inspiração, mulher parideira de quatro filhos. Sua entrega, doação e solidariedade são qualidades difíceis de medir;

A minha amiga Ranieri por ter conseguido o contato da nossa Enfermeira Parteira, Juliana Oliveira;

A Parteira Juliana Oliveira, por quem senti grande empatia desde o primeiro momento, agradeço por ter entrado em contato comigo me convidando para Roda Gestante, por amar tanto o que faz sendo capaz de transmitir segurança no olhar e nas palavras e por ter nos presenteado com sua amizade. É tanta gratidão por você ter tornado possível nosso PD que passaria o resto da noite escrevendo. Você é linda! Minha dívida com você é impagável e eterna;

A Fernanda Fassanaro que nasceu para doular e nos doulou com tanto amor, a você que se doou sem esperar nada em troca quero que saiba que você foi o encaixe perfeito para mim;

A Luciana Arquiminio com quem tive apenas um contato antes do parto e a empatia foi instantânea agradeço pela calma, presteza e carinho;
Aos meus irmãos por terem participado deste momento tão especial em nossas vidas e em especial a minha irmã Valéria por ter presenciado junto com Maisa;

A Roda Gestante pelo apoio incansável e gratuito com informações de qualidade para as mulheres que escolhem ser protagonistas de seu parto. Quero que saibam que nossa decisão pelo Parto Domiciliar foi tomada após a reunião do dia 08.02.2014, que também contou com o depoimento e vídeo de parto da Shayana;

A nossa amiga madrinha Camila por ter se doado com tanto amor para vivenciar conosco mais um acontecimento importante de nossas vidas;

A nossa amiga Laura por ter plantado a semente do Parto Natural em meu coração e por seu enorme e incansável apoio no nosso grande dia;

Aos meus sogros pelo apoio constante e por estarem sempre a nossa disposição;

A fotógrafa Rhuanny por ter eternizado esse momento com tanto respeito, carinho, descrição e sensibilidade; e

Aos amigos e familiares que não estavam presentes, mas contribuíram mandando muita energia positiva.



E AGORA O RELATO DO NASCIMENTO DA PLACENTA... 

...45 minutos após o nascimento de Tannat, às 3:26, o cordão parou de pulsar e preferi esperar a placenta nascer para fotografar ela ainda ligada a Tannat. Continuei sentindo as contrações que eram muito dolorosas... na verdade como já estava com nossa bebê nos braços acho que fiquei menos tolerante a dor...e o tempo passando e passando e nada da placenta...resolvemos cortar o cordão para iniciar os cuidados com nosso bebê.

Amanheceu e a placenta ainda não havia nascido. A Jú nos deixou descansando e foi descansar também junto com todos que estavam conosco. Estávamos todos exaustos. Havíamos passado por quase 13 horas de TP. Pouco mais de uma hora depois a Jú veio me ver e nada. Eu continuava sentindo as contrações. Meu sogro que é médico ao ligar para meu esposo para saber como estávamos informou que poderia demorar até 12 horas... Eu estava tranqüila. É claro que menos tolerante a dor. Porém, conformada.

Eu dizia a Jú: Estou bem, não se preocupe cada um tem a placenta que merece. A Jú entrou em contato com sua Professora e a mesma informou que já havia esperado 9 horas e que se ela poderia injetar ocitocina no cordão. A Jú optou em não aplicar e concordei. Por volta das 9h levantei e tomei um banho bem demorado... depois fiquei de quatro apoios na cama para tentar ajudar e nada. Há essa hora a Jú já havia tentado contato com o Dr Antônio Sergio e não conseguia retorno. Meu esposo resolveu ligar para o consultório e a recepcionista informou que o Dr. Antônio estava no centro cirúrgico do HU, mas que também iria tentar contato para avisar o que estava ocorrendo comigo.

Minutos depois meu esposo ligou novamente e a recepcionista informou que havia conseguido contato com uma estagiária dele que ficou de dar o recado.  Depois a Jú conseguiu contato com ele e passou o telefone para meu esposo que foi orientado a me levar ao HU sem a nossa Tannat, pois ele queria me examinar para dar um diagnóstico. Eu queria esperar mais, pois tinha certeza que a placenta nasceria. Na verdade estava convicta. Mas a melhor opção era ir até o hospital e aproveitar o pronto atendimento do Dr Antônio Sergio. Aliás, só fui porque seria atendida por ele. Ele simplesmente pediu para meu esposo ligar ao chegar, pois viria até nós. Já passava um pouco das 11h. Fui me arrumar para me separar da minha pequena pela primeira vez. Sabia que era necessário e como ela ficaria em boas mãos (Minha Mãe, Minha irmã que iria amamentá-la se necessário e foi...e minha amiga Camila). Jú e Nanda também nos acompanhariam e a Lu foi para casa com a promessa da Jú de dar notícias. Desci as escadas mentalizando que a placenta nasceria até chegar ao hospital e assim fui todo o caminho enquanto me contorcia com as contrações que não davam folga. Ao chegarmos meu esposo ligou e o Dr Antônio Sérgio Lima veio ao nosso encontro, até a entrada principal, com uma cadeira de rodas para me transportar.

Ao sair do carro senti algo diferente e molhado demais. Pensei será que ta nascendo? Não comentei nada com a Jú, pois não queria ter e nem dar falsas esperanças... Recebeu-nos com toda sua sensibilidade e simpatia já informando discretamente: Se perguntarem você teve bebê no carro vindo para cá e a bebê ficou em casa e está bem. Mas não vão perguntar por que já resolvi tudo. Fui conduzida a sala de procedimentos na companhia das meninas e meu esposo ficou para estacionar o carro. Passamos pela recepção e nenhuma pergunta. Ao entrar na sala me deparei com uma maca pequena e estreita. Pensei: Meu Deus! Como vou caber aí? Deitei e tentei relaxar o máximo possível para facilitar o trabalho dele, mas confesso que tava impossível com tantos profissionais/funcionários entrando e olhando para o que ele estava fazendo em mim. Além da dor e dos atendimentos simultâneos por trás das demais cortinas daquela sala.

Ele me examinou e falou: Já está aqui. Estou vendo ela. Está no canal vaginal. Me ajude relaxando que vou tirar... Me agarrei na Nanda que ficou respirando comigo e me confortando dizendo que estava acabando e acabou... Meu esposo havia chegado um pouco antes e o Dr AS havia pedido para ele ir preencher minha ficha na recepção e agora ele estava de volta. O Dr Antonio Sérgio constatou que havia uma pequena laceração de trajeto e sugeriu dar um ponto mostrando para Jú e para meu esposo. Eu não queria, mas os três me convenceram e concordei. Já estava lá e queria que terminasse logo. Enquanto era atendida agradecia muito por está sendo atendida por uma pessoa tão humana e sensível. Até procurei entender porque tantos profissionais indiscretos foram me olhar e cheguei à conclusão que eles queriam ficar mais e conversar com o Dr AS, pois desde a minha entrada no hospital até aquele momento eu havia perdido a conta de quantas pessoas faziam questão de cumprimentá-lo...Daí relaxei de vez e comecei a agradecer pelo excelente atendimento, porque não era nada grave e porque já ia para casa.

Fiquei o tempo todo pensando o que seria de mim se não fosse o Dr AS. Como seria atendida ao chegar lá ou em qualquer outro lugar dizendo que pari em casa. Durante o atendimento ele comentou discretamente: Infelizmente não podemos falar a verdade ainda. Tem que ser aos pouquinhos. Mais vai mudar. Vai mudar. Nós chegaremos lá. Ele foi tão amoroso comigo e com todos que me acompanhavam...

E acreditem: Trouxe minha placenta para casa. Incrível não?

Saímos da sala todos juntos, pois estava acabando o plantão dele e nos despedimos no corredor com muitos cheiros.

Jamais imaginei que precisaria do meu back up, mas fiquei me perguntando e me pergunto até hoje: E se eu não tivesse?


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