O parto humanizado pode ser natural (sem intervenção nenhuma), mas também pode ter alguma intervenção necessária. E, se for pra salvar vidas, uma cesariana necessária é completamente bem vinda e faz parte da humanização do parto.
Um parto natural (com zero intervenção) que acontece no corredor do hospital, negligenciando a atenção respeitosa e cuidadosa à paciente NÃO É humanizado.
No parto humanizado a mulher é cuidada junto com seu bebê, com atenção à vitalidade fetal e à saúde materna. No parto humanizado a mulher é respeitada nas suas decisões e não sofre intervenções desnecessárias, que acrescentam risco ao parto (à saúde da mulher e do bebê) e que também aumentam a dor. No parto humanizado a conduta se baseia no que há de mais novo em evidências científicas, e não em achismos médicos baseados em conhecimentos e procedimentos ultrapassados e obsoletos.
Bem.. e quais são as intervenções desnecessárias no parto?
(1) toques. Os toques durante o pré-natal são desnecessários e servem bem pra colocar medo na mulher, usando falsas indicações de cesariana, como colo grosso ou fino ou a velha "falta de dilatação". O toque não é inofensivo, além de aumentar o risco de infecção (especialmente se a mulher estiver com bolsa rota), também pode ser usado pra induzir o parto através do descolamento de membranas. Os toques durante o trabalho de parto também só são necessários se *a mulher* desejar saber quanto está a dilatação;
Fonte: Blog Rituais Maternos
(2) tricotomia = raspagem dos pêlos. A justificativa é de que facilita a visão e também pra dar os pontos da episiotomia, mas o fato é que aumenta o risco de infecção na mulher;
(3) enema = lavagem intestinal. A justificativa é que as fezes atrapalham a passagem do bebê. O fato é que algumas mulheres fazem cocô durante o parto, mas com o enema aumenta o risco de contaminação por fezes líquidas;
Fonte: wikihow
(4) ruptura artificial da bolsa, pra aumentar as contrações e agilizar o parto. Aumenta o risco de infecção (bolsa rota)e também o risco de que ocorra um prolapso de cordão. O prolapso de cordão é a saída do cordão antes da cabeça do bebê. Nesse caso a cabeça do bebê comprime o cordão umbilical e reduz a oxigenação do bebê podendo causar sofrimento fetal e uma cesariana de emergência (sofrimento fetal é indicação imediata de cesariana). A ruptura é desnecessária e há bebês que nascem empelicados (dentro da bolsa), sem problema algum;
Fonte: Blog Adele Doula
(5) uso de ocitocina sintética rotineiramente pra indução do parto ("sorinho") usado pra agilizar o parto. O sorinho aumenta muito as dores das contrações e após o uso da ocitocina geralmente as mulheres pedem analgesia. O sorinho aumenta o risco de sofrimento fetal e tem indicações específicas;
Fonte: Ciência Hoje - UOL
(6) anestesia: é uma intervenção bem vinda em alguns casos muito específicos, pra evitar uma cesariana desnecessária. Porém quando adotada indiscriminadamente pode não ser benéfica, pois por reduzir as contrações necessita de ocitocina e puxos dirigidos, o que aumenta o risco de laceração de períneo e de sofrimento fetal;
(7) litotomia = parir deitada, geralmente com as pernas amarradas em estribos (a posição ginecológica). Essa é a posição menos indicada pra parir, por ser a mais dolorosa, e também porque nessa posição ocorre compressão da artéria umbilical, aumentando o risco de sofrimento fetal do bebê. Além disso... sem o auxílio da força da gravidade e a redução da abertura de saída do bebê, aumenta em 30% o risco de laceração de períneo;
Fonte: Blog Eu quero parto normal
(8) puxo dirigido = mandar a mãe fazer força sem ter vontade ou parar de fazer força. Os puxos dirigidos também aumentam a dor porque a mulher perde foco na respiração, além de aumentar o risco de laceração de períneo;
(9) kristeller = empurrar a barriga da mulher pra empurrar o bebê. Esse procedimento é condenado por todos os órgãos de saúde, inclusive a Organização Mundial de Saúde por ser desnecessário e perigoso. Pode causar lacerações de órgãos internos na mulher e hemorragia, fraturas no bebê, dano cerebral e morte. Além disso aumenta significativamente o risco de laceração de períneo;
Fonte: Ciência Hoje - UOL
(10) episiotomia = corte do períneo pra "facilitar" a saída do bebê. Há obstetras que já aboliram esse procedimento, pois as evidências científicas já demonstraram que a episiotomia não altera os desfechos de parto. Além disso, é fazer uma laceração de 2o 3o grau, sabendo que a laceração pode nem mesmo acontecer. Evitar posições não litotômicas (deitada), puxo dirigido e kristeller já reduz significativamente o risco de lacerações;
Fonte: Parto no Brasil
O parto humanizado deve acontecer no local onde a gestante se sentir mais segura: em casa, no hospital ou em casa de parto. No parto humanizado são disponibilizados métodos alternativos e eficientes de alívio da dor:
- presença de acompanhante de sua escolha (se o parto for hospitalar) ou todos os acompanhantes que quiser (se for domiciliar)
- presença de uma doula da confiança da mulher
- massagens
- água quente (pode ser chuveiro, banheira, piscininha, bolsa de água quente)
Fonte: parto normal gemeos (youtube)
- liberdade de movimentos no trabalho de parto
- liberdade de posições pra parir
Fonte: Dormir? Nunca Mais
Fonte: Parto sem medo
Fonte: Agathalupo
A humanização do parto considera também as intervenções desnecessárias com o bebê. Também dolorosas e também tem riscos:
(1) corte precoce do cordão umbilical
(2) afastamento da mãe
(3) aspiração nasal e gástrica
Fonte: Blog Maternamente Falando
(4) sondagem anal e oral
Fonte: Blog Adele Doula
(6) colírio de nitrato de prata
(7) aplicação de vitamina K
(8) pesar, medir... coisas que podem ser deixadas pra depois
(9) soro glicosado e leite artificial muitas vezes antes mesmo de o bebê experimentar o leite materno
Fonte: Claudia Xavier Fono
Informação nunca é demais!
Mulher, se informe, envolva seu marido no processo e faça seu PLANO DE PARTO!
Por: Milena Caramori
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