sábado, 3 de dezembro de 2016

Relato de Parto de Laura

Pessoas, quero compartilhar com vocês um pedaço bonito da minha história: o relato do Nascimento de Aisha...espero que seja inspiração para outras mulheres, outros casais...

Lá vai:

Parto é amor! É entrega! 

Depois de um final de semana de relaxamento e banho de bica na chuva em boca da mata, voltamos pra Maceió e reiniciamos a rotina. Na segunda-feira (22.08.16) acordei com um espírito de faxina que nunca me pertenceu (risos), mesmo com a dificuldade do barrigão eu senti uma necessidade absurda de limpar a casa e fiz o que meus limites me permitiam naquele momento, sem estresse, só achando graça já que eu sempre detestei tarefas domésticas, inclusive quando falei com minha cunhada (Bárbara) comentei que esse espírito faxineiro era um sinal de que parecia estar perto o grande dia...mas como meus limites não me permitiam muita coisa a casa permaneceu na bagunçada habitual rsrs. No mesmo dia a noite Lula propôs assistirmos um filminho e assim fizemos...quer dizer...mais ou menos...escolhemos o filme (“O dia em que a terra parou”) e assim que começou a rolar eu dormi no tapete da sala e só acordei quando acabou e o lula me chamou pra ir pra cama kkkkkkk...Assim que deitei senti a calcinha ficar molhada , fui ao banheiro e depois mostrei pro lula (as 00:46), pois não parecia ser xixi (não tinha cheiro), mas era bem pouco, não parecia ser grande sinal, minutos depois fui ao banheiro de novo e aí vi que estava saindo um pouco do tampão mucoso com raios e sangue, na hora senti uma alegria no coração porque sentia que se aproximava a hora de ter nossa pequena Aisha, chamei o lula e disse que poderia ser a hora, então entramos em contato com as meninas do AME (as 00:53) e informamos o que estava acontecendo, as meninas nos acompanharam por mensagens informando que eram sinais do que meu corpo se preparava e Aisha curtia os últimos momentos na primeira casinha dela. As cólicas começaram a vir tão fraquinhas que eu nem chamava de contrações rs, com pouco tempo começaram a ficar mais intensas porém ainda irregulares a essa altura, achei até que conseguiria dormir e que aquele processo de evolução do ritmo das contrações demoraria muito. Me enganei rsrs. Não conseguia ficar deitada, precisava ir ao banheiro toda hora, a claridade das luzes me incomodava muito, então apagamos todas as luzes, acendemos as velas, e ficamos no quarto da Aisha na bola de pliates rebolando e ouvindo música (inclusive algumas músicas me incomodavam e eu pedia pro lula passar rs), por volta das 2:08 as contrações começaram a ter intervalos mais curtos, já estavam de 2 em 2 minutos e a essa hora eu já estava debaixo do chuveiro morno onde encontrei o “paraíso” pra aliviar as contrações. Ficamos calmos e sempre em contato com o AME e com a doula Carol que já se organizavam para ir nos avaliar. Eu estava morrendo de dor mas juro que estava completamente tomada de felicidade e ABSOLUTAMENTE ENTREGUE AO MEU CORPO, À MINHA FILHA E AO MEU COMPANHEIRO (LULA)...quando tinha um intervalo entre uma contração e outra eu olhava pro ser humano maravilhoso que estava ali comigo e ria, me entregava e pensava : ela chega! A dor as vezes parecia impossível de suportar, mas quando eu olhava pra ele, sentia o carinho, os beijos, tudo melhorava e eu o apertava até não poder mais e por tanto tempo que os braços dele começavam a tremer e ele sempre me apoiando, me mandando respirar, dizendo pra ter calma, pra ter paciência que tudo ia passar, e eu o amando intensamente mas sendo super chata e gritando com todo o abuso do mundo “Eut TÔ calma! Mas dóooooi!” kkkkkkkkk Às 4:44 Lu e Carol chegaram e eu sentada no chão do banheiro sentindo a água cair nas costas e aliviar o desconforto momentaneamente... Acredito que demorei um tempo pra sair dali e queria deixar a Lu me avaliar e me tocar mas toda vez que eu deitava na cama a dor se tornava 10 vezes mais difícil de suportar e eu levantava e andava da sala pro quarto e do quarto pra sala e hoje quando lembro disso percebo o quanto é desumano e cruel obrigar uma mulher parir deitada...claro que cada mulher é única e cada corpo é único, então precisam ser respeitados em sua individualidade, e deve ter mulheres que se sentem confortáveis da posição horizontal, mas no meu caso por exemplo, não aguentaria ficar deitada e não poder rebolar e caminhar adoidado, seria uma tortura sem fim e eu ficaria altamente estressada. Quando Lu me avaliou: pressão arterial ok, batimentos cardíacos do bebê ok, e a dilatação? OITO CENTÍMETROS JÁ! a Lu disse que já podia sentir a cabecinha dela :DDDDD E eu? Me enchi mais ainda de alegria e confiança! As meninas disseram que tentariam encher a piscina, mas ponderaram que talvez não desse tempo, mas eu não tava nem aí! Kkkkkkkkkkkk ....eu queria era chuveiro quente!!! E desde o pré-natal eu sempre disse que não tinha um grande desejo de parir na piscina, só queria estar da maneira mais confortável e segura possível....sempre soube que meu corpo me diria o que seria melhor na hora do parto e assim foi! É incrível! Impressionante! Eu me conectei com o que tinha de mais íntimo em mim de um jeito tão forte que não precisava pensar muito, só seguir o que o corpo pedia...e ele pedia luz apagada, pedia que eu caminhasse,  que mudasse de posição a todo momento, pedia que rebolasse muito! Pedia que ficasse no chuveiro quente, pedia que agarrasse o Lula, mordesse e transmitisse pra ele toda a intensidade daquilo que estava sentindo e foi o que eu fiz! Eu tava tão entregue que esquecia de tempo e espaço, mas ele eu sei que estava consciente e cuidadoso a todo momento, que a minha dor doía nele também e que a ansiedade era grande, por isso, por todo esse amor verdadeiro, dirijo a ele não só agradecimento mas o amor mais sincero e intenso que possa existir...nunca tive tanta certeza de poder confiar em alguém como tive no momento do meu parto...meu companheiro foi essencial pra tudo correr de forma tão tranquila... Em NENHUM MOMENTO EU FIQUEI PREOCUPADA ACHANDO QUE ALGO DARIA ERRADO! NENHUM! Eu me contorcia toda de dor, fato. Mas apesar dos berros (que não foram altos, eram praticamente gemidos) e das caretas, meu espírito estava em um estado de felicidade profunda e nem passou pela minha cabeça a possibilidade de algo dar errado naquele momento bonito. Porque eu estava entregue! Eu sentia meu corpo, entendia o que ele queria me dizer e sabia que estava tudo indo do jeito que deveria. 
Já de manhã do dia 23 de agosto (aqui não sei mais precisar hora exata de nada) vieram os puxos, que é aquela vontade incontrolável de fazer força e eu continuava no chuveiro mas agora só ficava confortável na posição de 4 apoios (isso mesmo, essa posição é TOP pra parir kkkk)...as meninas me ofereceram a banqueta de parto, mas naquela hora eu achava que só poderia ficar daquele jeito...ah...eu fiz cocô! Rsrs ...antes achava que se acontecesse isso eu morreria de vergonha, mas eu num tava nem aí! Kkkkkk...é aquilo né ...parto é entrega! Além do que eu confiava em todo mundo que tava ali (marido Lula, doula Carol e equipe do AME) então não tinha porque me preocupar.... Desses momentos eu lembro muito embaralhado, estava na partolândia total! Kkkkk .... acho que foi carol que falou pra eu tocar e sentir a Aisha...e a cabecinha dela estava la! Eu pude sentir! Foi em algum momento perto disso que o Lula falou comigo com todo carinho “amor, por favor não fique chateada comigo, mas acho que não vou conseguir pegar a Aisha. Escolha uma das meninas pra fazer isso.” E eu lembro que disse que não tinha problema e queria a Carla.... entendo totalmente o pedido dele : eu estava de quatro dentro do box de um banheiro pequeno com o chuveiro ligado sob minhas costas, como ele iria ao menos se posicionar pra recebe-la? Kkkkkk.... sei que a Lu me ofereceu novamente a baqueta de parto, disse pra eu testar e se não gostasse voltava pra posição de quatro sem problemas...aceitei porque sabia que ficar agaixada tb oferecia conforto e entendi que ficaria mais fácil pro lula também...depois que me apoiei na baqueta soltei uns gritos rasgados (que inclusive fizeram minha garganta doer um pouquinho no dia seguinte rs) e fiz a força que meu corpo pedia pra fazer e nada além...ai eu ALCANCEI O NIRVANA....delirei...me transportei pra outro mundo...e ela chegou! O LULA CONSEGUIU SIM PEGÁ-LA! E o primeiro contato da Aisha no mundo externo foi com o abraço carinhoso e cheio de amor do papai Lula. Esse momento não lembro com imagens, só com sensações, só com o espírito. Ela nasceu laçada! rsrs...surpresa pra nós porque nas us não estava assim...mas a gnt sabia que isso não é contraindicação pro parto normal... enfim ... Abracei meus dois amores e senti que estávamos todos ocitocinados! Hahahaha...era só amor! Só alegria! Só emoção! Com pouquíssimo tempo a placenta também nasceu...e com ela veio uma quantidade de sangue considerável por conta do descolamento super rápido...aí me senti tonta,  a equipe percebeu e tomou as providencias necessárias: me deitaram, elevaram minhas pernas e recebi oxigênio...logo fiquei tranquila e Aisha veio pro peito...mamou uma maravilha....sensação linda! Depois o Lula cortou o cordão umbilical ...e eu super emocionada com aquele momento e com a emoção do lula...guardamos a placenta! Ah esse pedaço de mim... simbolicamente quero plantá-lo junto com uma árvore ...que volte a ser parte da natureza e a ajudar a gerar vida... 
Eu sei que esse relato está enorme, mas eu queria muito registrar todos os detalhes que lembro ...por vários motivos: pra eu ler futuramente e sentir de novo o sabor do parto; pra Aisha ler um dia se quiser e imaginar como foi a chegada dela aqui; e para que, assim como eu fiz durante minha gravidez, outras mulheres possam ler como foi essa parte da minha história, e talvez possam se identificar e ganhar força, sabendo que não estão sozinhas...para que possam saber que seus corpos sabem parir e seus bebês sabem nascer, é só se entregar! 
Aisha encarou a luz do mundo às 6:31 do dia 23 de agosto de 2016 medindo 50 centímetros e pesando 3.155 kg. 
Registro aqui meu carinho e admiração aos que estiveram comigo nesse momento e contribuíram para eu o protagonizasse de maneira tão plena: meu amor Lula, grupo AME e doula Carol.
É isso! ...Mulheres, confiem: seus corpos sabem parir! Seus bebês sabem nascer! Se entreguem!










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