sexta-feira, 2 de novembro de 2012

NASCEU MEU reBENTO


Por Isolda Herculano


O Bento já tem 8 dias e somente agora encontrei tempo, coragem, disposição, para sentar e relatar meu parto, de uma maneira bem minha, para que mais tarde as lembranças não venham a me trair. Meu filho veio ao mundo no dia 9 de outubro, uma terça-feira, pelas maravilhosas e abençoadas mãos do Dr. Antonio Sérgio Lima, no Hospital da Unimed, em Maceió, às 18h10, com 39 semanas e 6 dias de gestação. Mas, isso é resumir demais a coisa, tudo começou muito antes. 

Minha bolsa estourou às 5h45 quando eu levantava da cama com vontade de ir ao banheiro. Despertei Julio naquele instante e depois de um banho decidi ligar para o Dr. Antonio Sérgio. Eu já sabia que tinha entrado em trabalho de parto, então, começamos a marcar as contrações, que estavam bem ritmadas, de cinco em cinco minutos. Arrumamos tudo com calma, tomei um café leve e às 8h30 chegamos à maternidade. O médico já havia reservado o quarto especial para parto normal, chamado PPP (sigla para pré-parto, parto e puerpério). Realmente um local adequado, amplo, acolhedor, que me deixou muito segura. 

Do quarto, liguei para os meus pais para avisar que tinha entrado em trabalho de parto e que o Bento iria nascer naquele dia. Eles estavam de sobreaviso e minha mãe de malas prontas para o momento em que eu chamasse. Como só havia ônibus de Petrolina para Maceió às 20h, antes dela embarcar já soube que o netinho tinha nascido. Acredito que isso lhe tenha feito bem e deixado mais aliviada.

Bom, apesar de tudo ocorrer no intervalo de 12 horas de bolsa rota, eu não senti mesmo o peso do tempo. Não prestei atenção nisso. Passei pelas contrações todas com o máximo de racionalidade possível, tentando controlar a respiração todas as vezes em que elas apareciam. Relaxei com banho quente, conversa, com o amparo do meu amor, Julio, que foi mais companheiro do que nunca naquele momento. Tive ao lado, por muito tempo, o próprio Dr. Antonio Sérgio, cuja tranquilidade me faz tranquila todas as vezes em que estamos juntos. Fora isso, é um profissional que confio e me traz segurança, me auxilia de fato, um anjo que Deus mandou para mim do céu.

Por falar em Deus, eu conversei mentalmente com ele em alguns momentos do trabalho de parto, durante os banhos, as pausas das contrações. Pedi que me desse força, que tudo estivesse bem com o bebê e consegui a cada pensamento e conversa um amparo, uma força extra para seguir, até quando minhas forças estavam, na verdade, bem fracas. Sim, porque num processo quase sem intervenções, eu fraquejei. Não pensei em desistir, porém, meu entusiasmo mudou quando alcancei uma dilatação de oito centímetros e o momento expulsivo estava se aproximando muito rapidamente. Para me devolver o ânimo perdido, o médico recomendou soro glicosado, acho que quatro ampolas, se não me engano e daí em diante comecei a me sentir ativa novamente.

No momento de fazer força para que meu bebê nascesse eu me convenci novamente de que seria capaz, me senti forte, ainda que não soubesse direito para onde direcionar essa força e fazendo alguns esforços "em vão". Julio sempre do meu lado, sendo o apoio que eu precisava e me direcionando pelo caminho correto. Sem ele eu não teria sido feliz ali. Pelo menos não completamente. 

Quando meu filho, enfim, nasceu e veio imediatamente para os meus braços, com o chorinho que eu sonhei por tanto tempo ouvir eu senti o que é a felicidade suprema, real, essa que pensei que não fosse coisa desse mundo. Ainda me emociono lembrando de cada momento, escrevendo sobre, olhando as fotos e vendo meu filho hoje aqui comigo, lindo como um anjo, a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. 

A recuperação do parto foi imediata. Duas horas depois já tinha jantado e tomado banho, amamentado meu bebê mais de uma vez. Foi tudo mágico. Sem tricotomia, jejum, ocitocina, anestesia, episiotomia! Uma laceração me rendeu dois pontinhos que não influíram no meu maravilhoso pós-parto. Também fiquei feliz por isso: ter mantido minha autonomia para cuidar do meu bebê desde os primeiros momentos e estreitar os laços que o cordão umbilical cortado não separaram ainda. 

Ele é tudo para mim. Olho para ele, e para o pai dele, e quero viver para fazê-los feliz, quero ser feliz ao lado dos dois, quero aumentar a família, quero viver a intensidade de ser mãe e continuar sendo mulher. E nem sei mais o que dizer.

(Maceió, 17 de outubro de 2012).



...



Isolda, mais uma vez, obrigada por dividir conosco tanta emoção. E parabéns pelo Bento. 


Um comentário:

  1. De fato, emocionante. Os meus foram parecidos, mas sua emoção final é o que vivo também: a certeza de viver para os meus três machos, já que um jjá se foi. Felicidades a vocês.

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